terça-feira, 17 de novembro de 2009

VIAGEM À RODA DA PARVÓNIA - Guerra Junqueiro e Guilherme de Azevedo

ACTO I

QUADRO I


A cena representa uma arcada do Terreiro do Paço. – Vários grupos conversam. – De quando em quando rapazes atravessam apregoando cautelas. – Vendilhões de água fresca gabam a excelência do líquido.

CENA I

UM SUJEITO

(Declamando a passear, olhando para a porta da Secretaria da Marinha.)

Oh, noites de Lisboa, oh, noites de poesia!

Auras cheias de som, noites cheias d'aromas!

GAROTO

(Passando a correr.) Amanhã anda a roda, quem quer a taluda! é do Fonseca!...

(Dois sujeitos conversando.)

1º SUJEITO

Homem, então aqui os ministérios já caem por causa dum dente?

2º SUJEITO

Se lhe parece! Na política todos os dentes são necessários menos o do siso. Os caninos, esses então são indispensáveis. Olhe, daqui a pouco os lugares de ministros hão-de ser postos a concurso, dando-se a resolver os seguintes problemas, pouco mais ou menos: 1º Levantar com os dentes, à altura de quatro palmos, a burra do tesouro...

1º SUJEITO

(Interrompendo.) Agora não havia de custar muito a levantar.

2º SUJEITO

(Continuando,) Roer cm sete anos, 70 000 contos de réis. incluindo o caroço...

1º SUJEITO

Bem sei, o caroço é a penitenciária.

2º SUJEITO

Suspender o registo civil em cima dum trapézio.

1º SUJEITO

A Leona Daré fazia isso nos Recreios, mas não era com o registo civil; era com um palhaço quase tão estropiado como ele.

2º SUJEITO

Tem razão. No fim de contas não há prova possível para a dentadura humana. Tanto pode mastigar um orçamento como uma pedreira. (Retiram-se.)

(Dois banqueiros conversando.)

1º BANQUEIRO

Então as inscrições sobem ou descem?

2º BANQUEIRO

Vão subindo à proporção que a moralidade vai descendo. (1) (Dirigem-se para o fundo.)

(Dois jornalistas em fraternal colóquio, furando a parede das secretárias com as respectivas bengalas.)

1º JORNALISTA

Leste o belo artigo do Tibúrcio atacando a nomeação dos cónegos?

2º JORNALISTA

Li.

1º JORNALISTA

E o que te parece?

2º JORNALISTA

Parece-me que o Tibúrcio pretende uma conezia no Tribunal de Contas.

(Dois bacharéis dândis, ambiciosos de conservatórias e delegacias.)

1º BACHAREL

Olé! então pela capital? O que é feito dessa bizarria? há séculos que te não vejo! Venha de lá esse abraço! Então também vens aos concursos?

2º BACHAREL

Que remédio! É preciso agenciar a vida.

1º BACHAREL

E tens bons empenhos, hem? (2º Bacharel diz-lhe ao ouvido um segredo.) Seu maganão! sim senhor! deu-lhe no vinte. Podes ter a certeza que és despachado. (2)

2º BACHAREL

(Intencionalmente com o dedo indicador.) Pai Paulino tem olho. (Separam-se tossindo.)

(Dois gatunos.)

1º GATUNO

Então já tomaste medida à fechadura?

2º GATUNO

Não foi preciso: a polícia deu-me a chave. (Fogem olhando para todos os lados.)

1º JORNALISTA

Olé! quem será aquele que chega?

2º JORNALISTA

Eu já vi aquela cara não sei aonde. (Olham todos para o lado de onde deve vir o personagem, fazendo comentários.)

CENA II

OS MESMOS, JUDEU ERRANTE, depois o CICERONE.

JUDEU

(Aparece montado num burro, traja varino grosseiro, galochas de borracha, na cabeça um carapuço de lã. com borla; vem coberto de pó dos séculos – ou, não podendo ser de pó dos séculos, de qualquer outro. A tiracolo um frasco de genebra e um binóculo. Apeia-se ficando com o burro preso pela rédea.) Tenho corrido Seca e Meca, faltava-me correr os Olivais de Santarém! Condenado pelo destino a caminhar constantemente, andarilho eterno, um verdadeiro almocreve dos tempos, depois de ter visto as pirâmides do Egipto, o Pólo Norte, Roma, Cartago, Babilónia; depois de ter assistido à queda dos impérios, ao dilúvio, à revolução de 1820, (suspende-se) perdão! (Olhando para a plateia.) Aquele senhor de óculos azuis que ali está no fundo da plateia, muito espantado a olhar para mim, quer talvez saber quem eu sou, de onde venho e para onde vou? Eu lhe digo. Quem sou? Sou o Judeu Errante Júnior. Tenho de idade 7 000 anos e três dias, (mostra um papel) aqui está a certidão. – Nascido na freguesia do Éden, filho do Judeu Errante Sénior, solteiro, isento do recrutamento, bacharel em quatro faculdades e vacinado. – Ando há sete mil anos à busca da Parvónia e só hoje a pude encontrar. Tenho-me farto de perguntar a toda a gente aonde fica este país, e diz-me um: olhe, é ali abaixo, à direita, com um ramo de louro à porta; – caminho, caminho, caminho e vou dar à ilha de Chipre! Torno a perguntar, e respondem-me: olhe, vá o senhor andando por aí abaixo, e em sentindo no nariz um cheiro pouco parlamentar, (3) pode ter a certeza de que nesse instante pousou a planta fatigada na cidade de Ulisses, outrora Ulissipo e em nossos dias Parvónia. Finalmente, cheguei, não há dúvida. (Levando o lenço ao nariz.) Fique entretanto entendido, ó Lusos, que se cheguei devo-o unicamente a este raro quadrúpede originário de Sintra, que um príncipe excêntrico daqui levou há dois anos, e que há poucos dias mandou vender em leilão. (4) Foi ele que, movido pela nostalgia da pátria, me conduziu à terra que lhe foi berço e aonde recebeu a sua primeira educação. (Prende o burro.) Descansa, dedicado companheiro, descansa que bem o precisas!

1º SUJEITO

(Perguntando ao outro.) Quem será este sujeito, quem será?

2º SUJEITO

Espera, vamos ver; o Diário de Notícias há-de dizer alguma coisa. (Puxa dum órgão da opinião, que traz muito bem dobrado na algibeira furtada, e lê:) «Espera-se hoje nesta cidade, depois duma digressão pela Europa, o Judeu Errante Júnior, cavalheiro de estimáveis qualidades, muito conhecido dos nossos leitores, abastado proprietário e capitalista, condecorado com várias ordens nacionais e estrangeiras, entre as quais a do camelo branco de Portugal e a de S. Tiago da Arábia. S. Sª viaja incógnito e tenciona demorar-se pouco tempo entre nós. Fazemos votos para que o ínclito viajor encontre no país do canoro épico Luís de Camões toda a acolhida lisonjeira a que tem jus.» (5)

1º SUJEITO

Cá está o homem que me convém. (Aproxima-se.) Meu caro senhor. (Curva-se numa profunda vénia.) Tenho a honra de o cumprimentar. Há muito tempo que o conhecia de nome.

JUDEU

Oh! meu caro amigo, penhora-me.

1º SUJEITO

Por enquanto não, sossegue. Eu quando tenho notícia da chegada dum forasteiro ilustre, acudo sempre a prestar-lhe a minha homenagem e a proporcionar-lhe ensejo de mais uma vez patentear o seu coração filantrópico em prol duma instituição de beneficência, que é a primeira de entre todas as que florescem no sagrado rochedo das pátrias liberdades, de onde há 44 anos vieram os 7 500, que, depois de tantas batalhas e de tantas privações, estão hoje reduzidos a pouco mais de 15 000!

IUDEU

Bem sei de que me falais. Falais-me dessa instituição simpática cognominada modernamente o albergue da Ilha das Galinhas?

1º SUJEITO

Acertaste, viajeiro.

JUDEU

(Descalçando as galochas de borracha c entregando-lhas.) Aqui tendes as galochas de Aasvero: galochas ilustres que deram a volta ao globo, e que tu, ó benfeitor da humanidade, poderás vender ao governo para o museu do Carmo, colocando nessas palhetas legendárias a seguinte inscrição:

Pisaram do Sinai as sarças inflamadas,
Calcaram do deserto o areal imenso,
Com umas solas só, galochas tão danadas
Quem as pode fazer? Deus ou o Manuel Lourenço.


(Assinado) Possidónio.

1º SUJEITO

(Calçando as galochas.) Graças, viajor, cá vão para o museu. (Retira-se humildemente.)

UM POETA

(Saindo apressado do portão duma secretaria.) Li o seu nome nos jornais e creio que o meu não lhe será também desconhecido. Chamo-me Artur. Sou um poeta célebre, sócio da sociedade filarmónica Os Sobrinhos de Minerva e preparo-me para fazer o meu exame de instrução primária. (Tira um rolo de papel do bolso.) É um volume de versos. Passei metade da minha vida a escrevê-lo e outra metade a procurar um editor.

JUDEU

Infeliz! (Tira dinheiro do bolso, recebendo o manuscrito.) Não tenho mais trocado, queira desculpar dar-lhe só um pataco.

POETA

(Recebendo.) Obrigado! Já vejo que sabeis dar protecção ao génio. (Aparte.) Vamos beber um copinho de Holanda.

JUDEU

Já sei que neste país o costume mais arreigado é o de pedir. O que vale é que se contentam com pouco.

POLÍTICO

(Aproximando-se.) A folha deu-me conta da sua chegada. Permita-me que o venha felicitar em nome do grupo político de que faço parte.

JUDEU

Oh! meu caro, penhora-me imenso, e visto ser penhorado todo o que vem a este país, pedia-lhe o extremo obséquio de dizer o que pretende de mim.

1º POLÍTICO

Tomo a liberdade de lhe pedir o seu voto.

JUDEU

Mas, não estou aqui recenseado!

1º POLITICO

Não tem dúvida: vota em Belém.

JUDEU

Mas sou um estrangeiro...

1º POLÍTICO

Que tem isso? Vota como morto.

JUDEU

Mas o meu voto nestas condições o que pode valer?

1º POLÍTICO

(Ao ouvido.) Vale uma libra. (Dá-1he uma libra e retira-se.)

JUDEU

(Guardando o dinheiro, cheio de nobre isenção eleitoral.) Extraordinário país! Cheguei há meia hora e eis-me já sem consciência e sem galochas! Palavra de honra! do que tenho mais pena é das galochas!

ACCIONISTA DUMA COMPANHIA

(Aproximando-se do Judeu.) Felicito-me com o meu país pela chegada dum cavalheiro de tantos créditos. Ora aqui está quem me vai ficar com estas cinquenta acções da companhia do gás.

JUDEU

Pois não, meu caro senhor. Com todo o gosto. Quanto quer?

ACCIONISTA

Bem sabe que com a vinda das noites grandes as acções tornaram a subir imenso.

JUDEU

Bem sei. Olhe, para evitar questões tome lá por elas esta caixa de fósforos, mas mande-me pôr em casa o gasómetro; desta maneira ficamos ambos habilitados, o amigo para acender um charuto, eu para o apagar.

ACCIONISTA

Contrato feito. Vou ajustar dois galegos e pode contar que ainda hoje lhe fica colocado na cozinha. (Sai apressadamente.)

2º POLITICO

Eu não tenho o gosto de o conhecer, mas é o mesmo. Não o incomodarei muito. O gabinete está em crise, as inscrições descem: o país, desde Maçãs de D. Maria até Cabeceiras de Basto, levanta-se como um só homem e batendo um murro patriótico no altar da pátria exclama: salta Messias para um! Há três meses que pomos este anúncio no Diário de Notícias: (lê) «Precisa-se de um Marquês de Pombal por um semestre. – Dá-se fiador e paga-se aos meses. Exigem-se as seguintes habilitações: Bigode e pêra. A pêra pelo menos é indispensável. Calva a que for possível: antes de mais que de menos. Peso, as arrobas necessárias para um conselheiro, desde 12 a 24, não incluindo a cabeça. Estômago de avestruz; dentadura em bom estado; ler, escrever, contar, as quatro operações, principalmente a subtracção; estado qualquer, incluindo o de demência. Idade certa, moralidade incerta; profissão vadio. Sabendo recitar ao piano prefere-se. (6) Carta à Rua dos Vinagres, nº 69, sobreloja.» (Declamando.) Ora como ainda não apareceu concorrente que satisfaça, lembrei-me de o consultar a tal respeito, visto ser um cavalheiro de tal guisa e de tamanho estofo.

JUDEU

Peço desculpa, mas declaro-me incompetente. Neste país estão tantas pessoas à mesa do orçamento, que acho muito melhor ir para os Irmãos Unidos,

POLÍTICO

Então queira perdoar. (Retirando-se.) Para a outra vez será.

JUDEU

Não tem de quê, meu caro senhor, não tem de quê.

1º BANQUE1RO

Ora aqui está o cavalheiro que eu procuro há tanto tempo. Meu caro senhor: sou um dos primeiros banqueiros da Parvónia. Não tenho nada de meu e devo quatrocentos contos de réis: é o que se chama entre nós uma fortuna sólida.

JUDEU

Quantas vezes quebrou?

1º BANQUEIRO

Apenas quatro! É muito pouco, bem sei, mas dêmos tempo ao tempo. A minha questão é esta: pretendo fundar um banco que se deve intitular: – Sociedade de Agricultura do Pinhal da Azambuja, – destinado a fomentar a pobreza do país, a ruína dos accionistas e a prosperidade dos directores. O nosso programa é simples: levantar o mais que puder e pagar o menos que for possível: ao cabo de ano e meio fugimos e os accionistas são metidos na cadeia.

JUDEU

(Com entusiasmo.) Com mil demónios! Você é um homem de génio. Dou-lhe um abraço, e sabe a razão por que não aceito o seu convite? É porque ainda não tive tempo de comprar um apito.

1º BANQUEIRO

Então muito obrigado. Virei noutro dia em que tenha fundos disponíveis. (Retira-se e assalta outro sujeito que passa, agarrando-o pelo botão do casaco.)

JUDEU

(Reparando num indivíduo que se dirige a ele com ar sinistro.) Outro! o que quererá este? Deus do Céu, é um país único esta Parvónia!

GEÓGRAFO

(Solene.) Preclaro viajante. Sabemos que a sua excursão tem sido das mais aventurosas e das mais profícuas para a ciência. Sabemos que V. Ex  descobriu as nascentes do Alviela; que fez a viagem à roda do Terreiro do Paço em três anos – e de gatas; que subiu intrepidamente a Calçada da Estrela numa corrida à hora, e a pé; sabemos que, se não descobriu o Brasil, foi porque já estava descoberto; sabemos que está isento do recrutamento; sabemos que é maior; sabemos que é vacinado e portanto, quer queira quer não, está nomeado sócio emérito das mil c duas sociedades de geografia que existem na Parvónia, com a condição. expressa de fazer uma prelecção em que demonstre: 1º, que o Alviela é um rio; 2º, que o Tejo é de cristal; 3º, que os caminhos-de-ferro portugueses, antes de explorarem os accionistas, já tinham sido explorados pelo governo.

JUDEU

Oh, meu caro senhor. Na verdade sou inábil para tão grande cometimento! No meu testamento tenho determinado que se me grave na campa fria o seguinte epitáfio: – Foi bom pai, bom esposo, bom irmão, bom amigo; e, não obstante, parece impossível! não foi sócio da Sociedade de Geografia. – Já vê que me é impossível aceitar.

GEÓGRAFO

Paciência: não fiquemos mal por isso; até outro dia.

VIÚVA

Meu caro benfeitor: uma esmolinha pelo amor de Deus; sou uma pobre viúva com 37 anos e 44 filhos todos tísicos: um deles é corcunda e tem quatro braços. Tenho um cirro no estômago e deito sangue pelo nariz; demais a mais ardeu-me ontem a casa!!... (Chora.)

JUDEU

Infeliz! só lhe falta ter caído de um andaime! Tome lá um pataco para mandar levantar a casa e a espinhela dos seus meninos. (Dá-lhe dinheiro: a viúva sai agradecendo.)

CICERONE

(Chegando apressado: grande toilette de belfurinheiro em exercício.) Ora onde eu o venho encontrar! Maganão, há tanto tempo que o não via!

JUDEU

(Absorto.) Nem eu, meu caro senhor. Nunca o vi mais gordo! O que deseja?...

CICERONE

(Falando apressadamente, e tirando vários objectos das algibeiras e da mala que traz a tiracolo.) Então a amigo já tem hospedaria? Precisa escovas para o cabelo? Quer a pasta da Justiça? Quer que lhe leve as malas ou quer a carta do Conselho? Olhe, ali na Rua do Arsenal há cigarrilhas espanholas magníficas, mas se quer ó hábito de S. Tiago também se lhe arranja: isto aqui é pedir por boca. Não tem senão escolher: ou vai para a Rua dos Vinagres ou então, se lhe faz mais arranjo, pode meter-se no Tribunal de Contas. No Conselho de Estado não há agora vaga. Prefere ser guarda-nocturno? visconde não é mau, mas guarda a cavalo é melhor. Escolha; deseja empenhar a consciência, deseja empenhar o relógio? Pretende ser deputado? Pelo governo custa-lhe 300 libras, pela oposição 200. Quer casar, quer ser da irmandade dos Terceiros? quer elogios nos jornais? Ou antes pelo contrário não quer nada disto e deseja apenas ser um brasileiro rico e bem conceituado na sua freguesia? Porque não me fica com este décimo da lotaria de Espanha e com esta comenda de Isabel a Católica? São ambas do Fonseca! Vamos, decida-se: o senhor precisa por força de alguma coisa. Aqui tem uma pomada para fazer cair o cabelo e os ministérios; aqui tem cartas de conselho, tftu1ºs de dívida infundada, baralhos de cartas, fluidos transmutativos, microscópios para ver pulgas e grandes homens; títulos para deitar nódoas e sabonetes para as tirar; enfim, aqui tem nesta drogaria diabólica tudo quanto é preciso para levar um homem desde a imortalidade até à polícia correccional!

JUDEU

(Entusiasmado.) Heureca! achei o meu homem! O Cicerone que eu procurava há tanto tempo! (Dando-lhe o braço.) Vamos dar um passeio pela Parvónia.

CICERONE

A primeira coisa que há a fazer, para obter tudo o que quiser, eu lha digo já, – entretanto será sempre bom disfarçar o nome e a cara. Agora, para abrir caminho e conseguir tudo, absolutamente tudo, deve propor-se deputado. As eleições estão à porta.

JUDEU

Deputado! Mas se eu não souber ler nem escrever?

CICERONE

Melhor! pode já contar com a eleição; não há tempo a perder, vamos à igreja.

JUDEU

(Detendo-se.) Mas o demónio é o burro! aonde é que havemos de guardar este jumento?

CICERONE

Não tem dúvida. (Chamando um garoto.) Olé! vai-me meter este burro no Tribunal de Contas. (7) (Saem de braço dado.)

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